Desde o início do ano assistimos resultados empresas privadas que surpreenderam os consumidores. Em janeiro a Kodak avisou para o mercado que estava em rota de falência, fato que se consumou pouco depois (veja aqui). Depois presenciamos a Amazon, um dos maiores sites de e-commerce do mundo, mudar sua estratégia de entrada no Brasil (veja aqui). Por fim estamos de frente ao que parece ser a última saída da RIM, fabricante do BlackBerry (veja aqui a notícia publicada no Meio & Mensagem).
É interessante perceber que empresas de setores diferentes, mas que lidam com tecnologia no seu dia-a-dia, encontram como principal desafio a rapidez e inovação da concorrência. No caso da Kodak, ela viu o tempo passar e sua estrutura burocrática e engessada a tornaram um paquiderme manobrando em um campo de roseiras. Com a Amazon imperou o desconhecimento do mercado e a concorrência que ataca ferozmente com os formatos tradicionais para bloquear sua entrada no Brasil.
O problema enfrentado pela RIM parece ser uma mescla: a empresa tem um espaço de tempo muito grande entre o lançamento de produtos inovadores. Como o público consumidor de tecnologia é cada vez mais ávido por lançamentos breves, espaços de mais de 2 anos entre saltos de tecnologia podem significar a morte da empresa. A isso deve-se aliar o fato da concorrência atuar cada vez mais no mercado que a RIM investe pesadamente seus sistemas de segurança: os países emergentes.
O que ainda aproxima a RIM da Kodak são seus ativos em patentes, mas o que as diferenciam são o dinheiro em caixa. A Kodak demorou demais para reagir e não conseguiu salvar seu negócio. A RIM possui caixa o suficiente para dar mais uma cartada. Depois disso pode ser que ela não consiga sobreviver. Com a Amazon o caixa não é o problema, mas sim o atraso na entrada em países emergentes. Os novos mercados podem ser dominados exatamente com aqueles que aprenderam com seu modelo. A partir daí ficaria muito mais caro para ela entrar no mercado, o que significa mais uma barreira de entrada.
Lutar pela estratégia correta é como um malabarista de pratos, onde todos precisam ficar em pé ao mesmo tempo. O olhar no fluxo de caixa, nos concorrentes, nos novos entrantes, na execução da estratégia e na inovação devem estar presentes em todos os Planejamentos Estratégicos de empresas, não importa seu segmento.
.
.