Você já parou para pensar quais são as diferenças entre a Disney e as escolas? Apesar da óbvia distância da quantidade de dinheiro em caixa, essa não é a principal diferença. Conceitualmente as empresas atendem os mesmos públicos (crianças, adolescentes, seus pais e avós) mas se comportam de maneira distinta. O resultado é o desejo do retorno: ele é imediato na Disney, e nem sempre acontece na escola.
Entendemos que é difícil manter a qualidade do serviço prestado por longo período de tempo, mas isso não pode ser uma desculpa. Se a escola convive 200 dias por ano com seus clientes (no mínimo), ela tem mais chances de acertar do que a Disney, que recebe seus clientes por 1 ou 2 dias em cada parque. Eles não podem errar.
E por onde começam as diferenças? Pela compreensão de quem é a empresa.
A Disney sabe quem ela é e o que a sustenta. Sua missão é clara e direta, e vem acompanhada de pilares que sustentam o desenvolvimento e entrega dos serviços. Em uma escola, nem sempre existe uma missão escrita, e quando ela existe, pode ser que apenas seu gestor tenha escrito. Se foi dessa forma, é possível que ela represente quem é a escola apenas sob seu ponto de vista, e não das pessoas que lidam no dia-a-dia com os alunos e responsáveis.
Após a definição da missão, a Disney sustenta todas as suas estratégias em 4 pilares, conforme já vimos. Esses pilares são a base da criação e operação de todos parques, navios, hotéis, restaurantes, filmes e demais produtos da empresa. Na sua escola há pilares claros? Se eles existem, como são contemplados para sustentar o trabalho pedagógico e administrativo desenvolvido?
Mas para fazer com que as estratégias sejam executadas, é preciso ter pessoas selecionadas, preparadas e acompanhadas. Quando temos a oportunidade de vivenciar um dia em um parque temático da Disney, percebemos claramente que os funcionários nos atendem com cordialidade, sempre sorrindo e atentos às suas tarefas e aos clientes. Em uma escola nem sempre percebemos essa experiência. Algumas vezes os professores estão mais duros no tratamento com os alunos, ou a secretaria não atende imediatamente, ou a portaria está mais severa do que o normal.
E esse é o ponto mais complexo para uma escola. Mais uma vez a resposta tende a ser tratada como dependente do poder financeiro das empresas. Mas a Disney também enfrenta problemas! Sua rotatividade beira 20% ao ano, eles não pagam salários altos e mantem seus colaboradores em um rigoroso sistema de liderança. Enquanto isso, algumas escolas justificam a qualidade do trabalho dos seus colaboradores a partir da escassez de mão-de-obra no mercado. Não difere muito. Apesar de nem sempre ter mão-de-obra não especializada, a Disney executa um ótimo controle de treinamento inicial e constante dos colaboradores. Nas escolas, não é normal pensar em modelos de Recursos Humanos de trabalhem a atração de bons profissionais.
Por fim, os processos. Não adianta ter a missão clara, os pilares em funcionamento e as pessoas corretas nos lugares certos se não soubermos o que faremos. A Disney trabalha por processos porque entende que nada pode ser improvisado e, ao mesmo tempo, tudo pode ser melhorado. Nesse sentido, a cada visita o cliente se depara com melhorias, elevando o padrão de atendimento. Em uma escola os processos são quase sempre administrativos para atender o financeiro, manutenção e compras. O relacionamento com cliente (aluno ou responsável) quase nunca segue processos claros e, por isso, é mais difícil de ser melhorado.
Em resumo, a missão, os pilares, as pessoas e os processos fazem com que a Disney surpreenda os clientes. As escolas precisam caminhar no mesmo sentido para vencer o desafio de melhorar o atendimento ao aluno e responsáveis.
Texto: Denis Drago
