Experiência com a marca

Marca é um dos ativos mais difíceis de se medir em uma empresa. Fatores internos e externos influenciam o valor da marca diariamente. Um funcionário insatisfeito, um rumor de mercado sobre sua responsabilidade social, uma prova que a empresa atende mal ou uma promessa não cumprida podem derrubar o valor da marca. Ao mesmo tempo, ações concretas de respeito ao meio ambiente, inovação constante, conteúdo relevante e marketing de relacionamento levantam a moral e o valor da marca.

O problema é que uma empresa quase nunca consegue equilibrar a gangorra. A solução é criar ações de marketing que justifiquem o valor da marca, que muitas vezes está ligada a sua inovação. E isso a Nike faz com primor. Ela é mais uma empresa que aposta na conexão com os consumidores, na experiência presencial, olho no olho. E quando ela conseque conectar isso aos garotos propaganda, o caminho parece sem volta.

A inovação da vez é a sua barbearia, que já está funcionando em Madri, Milão, Paris, Moscou, Cidade do México e Buenos Aires. Você pode cortar seu cabelo de graça, escutar boa música e jogar um videogame.

Boa pedida!

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(vi no Box1824)

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O valor de uma boa ideia

Empresas que escutam os funcionários geralmente ganham mais. Usei o termo “geralmente” porque isso depende da disponibilidade da audição. Se o programa foi criado para atender uma necessidade de gestão, com foco específico de economia de custos, inovação ou melhoria de processos, tudo indica que as ideias serão aproveitadas. Caso o programa precise atender as necessidades de apenas uma área da empresa, e essa não se comunicar com outra, as ideias estão fadadas ao ostracismo.

Há histórias clássicas de projetos bem sucedidos que foram feitos com as opiniões de funcionários, como a colocação de ventiladores no final da linha de embalagem para que as caixas vazias voem, ou o redesenho de pequenas peças de uma máquina para melhorar o processo de produção. O interessante é pensar que empresas clássicas demoram muitos anos para perceber o valor das ideias de seus funcionários.

A Boeing descobriu a pouco tempo. Leia a boa reportagem do Wall Street Journal sobre as inovações implantadas na fábrica da Boeing e perceba como ações simples podem trazer benefícios para uma empresa:

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Empresas são fonte de ideias da Boeing

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Máquinas perfeitas para o varejo

Desde criança escuto que o homem será substituído pela máquina, mas sempre desconfiei dessa afirmação. Continuo forte com minhas convicções de que nossa capacidade de atendimento e improvisação é insubstituível, mas cada dia que passa a tecnologia ajuda a criar produtos que facilitam nosso dia-a-dia.

Em minhas viagens gostaria de ter tido a oportunidade de esbarrar com máquinas como essa. Aliás, vi uma em funcionamento nos EUA para venda de cosméticos. A novidade para mim é a pizza. Essa solução cairia muito bem nos péssimos aeroportos brasileiros. Pelo menos você poderia comprar comida a qualquer hora do dia.

Vejam os vídeos abaixo para entender o que a Smart4Retail criou.

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Let’s Pizza

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Smartpoint

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Shop2Go

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Textos que gostaria de ter escrito

O artigo sobre Responsabilidade Social Corporativa publicado pelo Knowledge Wharton, e distribuído em português pela Universia, é uma aula do que precisamos levar para a Rio+20 e demais fóruns de debates sobre meio ambiente. Na minha opinião não há respeito ao meio ambiente sem que as relações sociais sejam levadas a sério.

Escrevi aqui sobre os casos da Nike, Zara e Apple, que representam empresas que não levam a sério sua responsabilidade social corporativa.

Não deixe de ler o artigo. É longo mas vale a pena.

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A batalha pela usabilidade

Talvez usabilidade seja a palavra mais feia que eu já escrevi ou falei. No meio de tantos adjetivos com pronúncia mais simples, escolhi um que apresenta boa estética quando escrita, mas é de difícil leitura. Mas ele será necessário para as ideias que virão a seguir.

Apesar de ser pedagogo, dou minhas pitadas em outras áreas. E o design não é diferente. Curioso é falar sobre design mesmo sem saber desenhar nada mais do que bonecos feitos de palitos, não saber usar softwares de edição de imagem e não ter um mísero estudo formal sobre a área. Mesmo assim, lá vai a minha teoria:

Ao longo do tempo o mundo se separou em duas escolas de design: os que abusam da complexidade, botões, vincos, curvas, cores e formas, contra os que oferecem design limpo, claro e intuitivo. Elas estão presentes em quase tudo que consumimos. Vejamos os automóveis como exemplo: os alemães (Volks, Audi e Porshe) abusam da quantidade de botões, enquanto os japoneses (Toyota e Honda) economizam e simplificam a vida do motorista. Tudo bem, a falta de botões traz um ar espartano para o automóvel, mas quando a busca é pela economia e durabilidade eles podem ser colocados de lado.

Essas escolas também são percebidas em celulares. Depois de algum tempo lidando com botões, a Apple lançou o iPhone, que revolucionou a maneira com que nos relacionamos com o telefone. Aliás, o dispositivo virou tudo, e até um telefone. Os manuais foram abandonados e a intuição ocupa cada vez mais espaço na elaboração de softwares, dispositivos eletrônicos, eletrodomésticos e até automóveis.

Seguindo a onda da usabilidade, passamos a perceber que gostamos mais do que é fácil de usar, simples de entender e menos complexo para explicar. Nessa carona trago abaixo dois exemplos.

Vale a visita para entender como eles funcionam. E se você tiver uma ideia mais simples, é só compartilhar.

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1 – Sob a criação do designer Ishac Bertran, um software que revoluciona o conceito de mobilidade de conteúdo, justamente pela sua forma simples de usar (veja aqui)

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2 – Um scanner simples, barato e que está sendo feito sob demanda a partir de crowfunding (veja aqui).

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Aprenda com quem fez

Está na hora de aprendermos mais com quem fez. A Apple disponibilizou no iTunes 7 entrevistas que o Steve Jobs concedeu a partir de 2003. É um grande aprendizado entender mais o que passa pela mente inovadora dessa personalidade que ajudou a mudar o conceito de uso da tecnologia.

Não perca tempo! Vamos aprender!

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Steve Jobs at the D: All Things Digital Conference (Video) (Audio)

 

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Falta muito para o nosso futebol

Os problemas com a organização da Copa do Mundo representam apenas uma face da falta de profissionalismo do nosso futebol. A certeza da impunidade e a gastança com o dinheiro público, que é meu e seu, transformou a Copa da iniciativa privada na Copa com 95% das obras financiadas pelo Governo. Além disso estádios não ficarão prontos para a Copa das Confederações, outros estão ameaçados de não ficarem prontos para o evento principal, em junho de 2014, e as obras de mobilidade urbana realmente ficarão para trás.

A outra face é a gestão dos nossos clubes. Confundimos adversários com inimigos, disputa com vencer a qualquer custo e preferimos buscar soluções isoladas a negociar em conjunto. Com o Clube dos 13 as cotas de patrocínio da TV foram negociadas em conjunto com a Globo por anos, em contratos que garantiam adiantamento de pagamentos de parcelas, o que ajudou e muito sua manutenção. Com a exigência da elaboração de contratos individuais, foi uma correria para garantir com a Globo vantagens exclusivas para clubes. Esse fato fortalece poucos e enfraquece muitos.

Para o pequeno grupo fortalecido a vantagem financeira é clara: grandes clubes de São Paulo e do Rio de Janeiro garantiram aumento superior a 50% frente ao contrato anterior. Para o grande grupo enfraquecido restou aceitar condições secundárias, com contratos mais baratos. O problema é que sem a maioria pobre não há campeonato disputado, estádios cheios, mobilização nacional e a consequência é a polarização da disputa e o enfraquecimento do futebol nacional.

O jornal Meio e Mensagem publicou ontem que a receita em marketing dos 20 maiores clubes do Brasil somaram R$ 385,2 milhões (veja aqui). Transformando em dólares, multiplicando por 32 clubes e considerando 5 anos com a mesma receita, temos o total de U$ 1.540 bi.

No dia 3 de abril desse ano a NFL, liga norte americana de Futebol Americano, apresentou sua nova coleção de uniformes (veja a notícia aqui). Diferente do Brasil, a liga negocia os uniformes de todos os clubes com apenas um fornecedor. A Nike, nova patrocinadora, pagará U$ 1,5 bi para vestir os 32 clubes.

Vejam bem senhores: a NFL fez a mesma receita em uniformes que o nosso futebol fez em todo o seu plano de marketing, que inclui camisas com tanto patrocínio que parecem álbuns de figurinhas, venda de produtos em lojas especiais, licenciamento de placas e outras propagandas em estádios e cotas para a televisão, que rendem a maior parte da receita.

Estamos anos luz atrás da NFL. E não há uma fagulha de esperança que algo mudará.

Uma pena.

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Lição de liderança

Diferente do péssimo exemplo de liderança que o mundo assistiu no fatídico naufrágio do Costa Concórdia (veja aqui), essa semana o Guardiola, técnico do Barcelona, se despediu da torcida. Seu discurso é arrebatador e sua liderança é visível. Mas bom mesmo é observar o respeito dele com as tradições locais.

Isso tudo depois do Barcelona ter perdido o campeonato nacional e a Copa dos Campeões. Líderes são embedidos de respeito, reconhecimento e verdade.

Veja na reportagem veiculada no Globo Esporte, edição de São Paulo, do dia 08 de maio. Lição para todos:

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http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-esporte-sp/v/veja-o-discurso-de-guardiola-no-barcelona-em-sua-despedida-da-torcida-no-camp-nou/1938052/

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Ainda pagamos pelos escravos

O último livro do Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, O Sonho do Celta, aborda a história do irlandês Roger Casement, que foi cônsul britânico e viajou pela África e América do Sul (Peru, Colômbia e Brasil) nos anos 1900. O Sr. Casement presenciou atrocidades mil contra negros africanos e índios sul americanos, que eram obrigados a extrair ouro no Congo, ou borracha na Amazônia, e vender a preço abaixo do que a dignidade humana permite. Isso quando o pagamento era apenas manter sua família viva, sem estupros, mutilações ou escravidão (como se essas ações não configurassem escravidão).

Os erros encontrados ultrapassavam as atrocidades físicas e chegavam ao golpe do peso, onde a balança era sempre adulterada para enganar os negros e índios, ao sequestro de familiares para garantir a produção e a tortura psicológica como forma de opressão, principalmente ao expor os habitantes locais a condições sub humanas de sobrivivência.

O Sr. Casement presenciou atos de escravidão na Amazônia brasileira 20 anos após a abolição dos escravos, em uma terra que existia apenas no papel e em mapas imprecisos. Hoje temos mapas precisos mas suponho que as terras do extremo norte e noroeste do nosso país continuem esquecidas. Vale lembrar que o Piauí é responsável por 0,5% do nosso PIB.

Toda a produção de ouro do Congo era mantida por empresas inglesas, que também eram sócias da extração de borracha da Amazônia. É claro que elas eram levadas para a Europa e vendidas com lucros absurdos aos nobres e a classe média emergente, em uma sociedade que se preparava para o primeiro boom de crescimento industrial, que se deu antes da 1a. Guerra Mundial.

Passados 100 anos podemos assegurar que não passamos mais por isso. Estamos em um mundo mais informado, consciente, conectado. A classe média atual, seja qual for seu país, sabe se o produto que consome faz bem para a saúde, se a empresa que o produz tem boa reputação e, entrando na onda do meio ambiente, se ela tem responsabilidade sócio-ambiental. Errado.

Os maus exemplos não param de surgir. A Nike passou décadas tentando se livrar de denúncias fundamentadas sobre trabalho escravo e uso de produtos tóxicos na fabricação de seus tênis (veja aqui). A Zara usa trabalho escravo no Brasil e em outras partes do mundo e se recusa a fazer acordo de ajuste de conduta com o Ministério do Trabalho no nosso país (veja aqui). A Apple fabrica seus iPods, iPhones e iPads em fábricas que tratam mal e pagam salários irrisórios para seus funcionários (veja aqui). E o Congo, que esteve na rota do Sr. Casement, volta ao noticiário por entrar novamente na rota da crueldade.

Em recente reportagem, o The New York Times publicou relatório da ONG Global Witness, que afirma que minérios raros que são utilizados na fabricação de iPhones e outros equipamentos com telas especiais, são extraídos no Congo por empresas de fachada, que são mantidas por rebeldes que usam o dinheiro para comprar armas e oprimir a população (veja aqui). Mais uma vez uma maioria é tratada como escravos, enquanto uma minora controla e oprime, uma minoria ainda menor compra a matéria prima e a transforma em produtos que são comprados por milhões de consumidores, que pagam fortunas que compõe o lucros dessa pequena minoria.

Aparentemente os fabricantes fecham os olhos para essas atrocidades (suspeito que devem bloquear tanto o sol quanto minha filha de 2 anos, quando cobre seus olhos com as mãos). Aparentemente o consumidor está pouco ligando para o que acontece onde ele não pode ver. Enquanto lutamos para comprar produtos socialmente responsáveis a preços justos, os fabricantes exploram a base da pirâmide da mesma maneira que faziam em 1900.

Qual é a nossa real responsabilidade nisso? Não comprar ou pressionar os governantes para uma regra mundial de produção e comércio responsável? A Rio+20 está batendo em nossas portas para fazer mais fumaça do que ações verdadeiras?

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