Falta muito para o nosso futebol

Os problemas com a organização da Copa do Mundo representam apenas uma face da falta de profissionalismo do nosso futebol. A certeza da impunidade e a gastança com o dinheiro público, que é meu e seu, transformou a Copa da iniciativa privada na Copa com 95% das obras financiadas pelo Governo. Além disso estádios não ficarão prontos para a Copa das Confederações, outros estão ameaçados de não ficarem prontos para o evento principal, em junho de 2014, e as obras de mobilidade urbana realmente ficarão para trás.

A outra face é a gestão dos nossos clubes. Confundimos adversários com inimigos, disputa com vencer a qualquer custo e preferimos buscar soluções isoladas a negociar em conjunto. Com o Clube dos 13 as cotas de patrocínio da TV foram negociadas em conjunto com a Globo por anos, em contratos que garantiam adiantamento de pagamentos de parcelas, o que ajudou e muito sua manutenção. Com a exigência da elaboração de contratos individuais, foi uma correria para garantir com a Globo vantagens exclusivas para clubes. Esse fato fortalece poucos e enfraquece muitos.

Para o pequeno grupo fortalecido a vantagem financeira é clara: grandes clubes de São Paulo e do Rio de Janeiro garantiram aumento superior a 50% frente ao contrato anterior. Para o grande grupo enfraquecido restou aceitar condições secundárias, com contratos mais baratos. O problema é que sem a maioria pobre não há campeonato disputado, estádios cheios, mobilização nacional e a consequência é a polarização da disputa e o enfraquecimento do futebol nacional.

O jornal Meio e Mensagem publicou ontem que a receita em marketing dos 20 maiores clubes do Brasil somaram R$ 385,2 milhões (veja aqui). Transformando em dólares, multiplicando por 32 clubes e considerando 5 anos com a mesma receita, temos o total de U$ 1.540 bi.

No dia 3 de abril desse ano a NFL, liga norte americana de Futebol Americano, apresentou sua nova coleção de uniformes (veja a notícia aqui). Diferente do Brasil, a liga negocia os uniformes de todos os clubes com apenas um fornecedor. A Nike, nova patrocinadora, pagará U$ 1,5 bi para vestir os 32 clubes.

Vejam bem senhores: a NFL fez a mesma receita em uniformes que o nosso futebol fez em todo o seu plano de marketing, que inclui camisas com tanto patrocínio que parecem álbuns de figurinhas, venda de produtos em lojas especiais, licenciamento de placas e outras propagandas em estádios e cotas para a televisão, que rendem a maior parte da receita.

Estamos anos luz atrás da NFL. E não há uma fagulha de esperança que algo mudará.

Uma pena.

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