O Marketing da alimentação

Ultimamente venho acompanhando uma série de boas ideias de marketing protagonizadas pelo ramo alimentício. Parece que a promoção de alimentos passará da fase da degustação no mercado para um patamar mais refinado. Pelo menos o mercado de comida pronta, ou quase pronta, começou a pensar diferente, deixando a fase dos panfletos simples que acompanhavam as caixas de pizza para trás.

A população que compra esses produtos está cada vez mais conectada e as compras para entrega devem acompanhar esse caminho. É interessante ver como isso não se reflete na maior parte das empresas. Podemos facilmente comprar um geladeira, televisão ou computador pela internet, mas dificilmente conseguimos comprar uma pizza ou comida chinesa. Na maioria das vezes o canal de comunicação continua sendo o telefone para realizar os pedidos.

Veja abaixo a solução dada por duas pizzarias diferentes:

Red Tomato

Essa pizzaria fica localizada em Dubai e criou um imã de geladeira que possui apenas um botão. Se você apertá-lo, o pedido padrão é disparado imediatamente para a pizzaria. Você recebe um sms de confirmação e se não responder, quer dizer que está tudo ok e sua pizza chegará no tempo previsto. Isso tudo sem que você precise falar com ninguém.

Veja aqui o site do projeto, vídeos e propagandas do produto.

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Domino‘s (Inglaterra)

Para os ingleses a rede de pizzarias Domino’s desenvolveu um aplicativo que permite realizar o pedido da pizza pelo celular, seja ele em plataforma Android ou IOS. Com simples toques o pedido é realizado e a pizza entregue em até 30 minutos. Essa ideia simples garantiu que £ 1 mi fossem arrecadados com o sistema, migrando parte dos consumidores para o meio digital e minimizando problemas de atendimento, sem queda na qualidade do produto entregue. Hoje 13% dos pedidos são realizados por essa plataforma.

Veja aqui a reportagem publicada no The Next Web.

 

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Por outro lado, cozinhar ganha status de entretenimento. Pedir comida pronta atende uma parte da necessidade, mas cozinhar com os amigos ou família também ganha sua importância. Para isso nada mais interessante do que vender kits semi prontos, onde o risco do erro é mínimo para o cozinheiro experimental.

Abaixo você pode ver a proposta de uma agência de publicidade alemã, que produziu um kit especial de lasanha que é um livro de receitas para ser cozinhado. Esse kit foi entregue para clientes especiais, mas eu gostaria de poder comprá-lo em um supermercado qualquer.

Veja aqui o site do projeto (em inglês) e abaixo algumas imagens do produto. Aproveite para conhecer outros projetos da Korefe:

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Publicidade

Até os grandes mudam suas estratégias

Em tempos em que a velocidade da informação e sua grande penetração na sociedade de consumo influencia a mudança de hábitos em prazos cada vez mais curtos, uma empresa não pode se dar executar seu plano estratégico de longo prazo sem contemplar adequações, que em geral são, pelo menos, anuais.

Ao apostar na entrada em novo mercado, as grandes empresas realizam estudos prévios para criar alternativas viáveis economicamente para a adequação do negócio. Algumas vezes percebemos sucesso na primeira tentativa, outras não. Exemplos não faltam: a Coca-cola Cherry, o Google Wave e o Windows Vista são exemplos de produtos que não atenderam a expectativa dos consumidores. No caso da Coca-cola, faltou estudo do paladar o brasileiro para apostar na entrada do produto por aqui.

Agora assistimos a chegada da Amazon no Brasil, que tenta implantar por aqui seu sistema de venda de livros digitais associadas ao um leitor fabricado por eles, o Kindle. A revista Isto É Dinheiro fez uma ótima reportagem sobre o  assunto, que você pode conferir clicando nos links abaixo:

Os planos da Amazon para o Brasil

Entrevista com o repórter João Varella, autor da matéria

É interessante perceber que empresas com amplo domínio de mercado e faturamento de mais de U$ 87 bi também erram em suas estratégias. No caso da Amazon, não bastou ter contratado um executivo brasileiro do setor. Eles precisaram errar e atrasar sua entrada no Brasil, compreendendo que nosso mercado não está maduro para aceitar o produto, e esbarrando com um competidor voraz que usa todas as suas armas para bloquear sua entrada. Como consumidores esperamos por mais concorrência, mas aposto que a Amazon protegeria seu mercado americano usando armas mais poderosas.

Fonte: Isto É Dinheiro. Edição n° 755

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Sob o ponto de vista da estratégia, as consequências da sua chegada no Brasil estão sendo contempladas nos planejamentos de todas as grandes livrarias e editoras que atuam no nosso país. Isso significa que não adianta contemplar estratégias futuras se elas não podem ser adequadas a uma nova realidade de mercado.

Também é interessante traçar um paralelo com empresas de médio e pequeno porte. Admitir um erro estratégico em uma empresa no porte da Amazon, Microsoft, Google ou Coca-cola é aceitável, já que seus orçamentos possuem margem que pode absorver os consequentes prejuízos. Mas podemos errar em empresas que não possuem essa margem orçamentária? Talvez esse seja um dos motivos da alta taxa de fechamento de novas empresas no Brasil com até 2 anos de vida.

A dica? Planeje, pense, teste e depois aposte. Mercado não é como corrida de cavalos, onde apostamos antes da abertura dos portões e precisamos esperar o término da prova para saber se ganhamos ou perdemos. Temos o poder de planejar, corrigir os erros, avaliar novos concorrentes, contemplar mudanças no comportamento e planejar novamente, sem perder a essência do nosso negócio.

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Diferentes formas de fazer política

Na semana passada o Partido da República – PR (www.partidodarepublica.org.br) abadonou a base do governo Dilma-PT por que recebeu uma negativa de ministério. Isso quer dizer, o partido no Brasil apoia um governo que dá cargos para ele. O PR não estava interessado em um ministério específico, e sim em qualquer um. Desde que tivesse o poder de decidir algo como ministro, não tem problema. Como não ganhou o ministério, saiu da base do governo.

Da mesma maneira o Senador Marcelo Crivella-PRB ganhou de presente o Ministério da Pesca, de suma importância para o cenário nacional, em troca do apoio da bancada evangélica para a candidatura do Haddad a prefeitura de São Paulo. Interessante como as questões se invertem: o Crivella é tão ligado ao seu partido que a legenda do PRB não aprece em seu site! Veja: marcelocrivella.com.br

Enquanto isso, do outro lado da linha do equador, a campanha para presidente dos Estados Unidos está a pleno vapor. A eleição será em novembro, mas a mobilização é grande em ambos os lados. Diferente do Brasil, nos Estados Unidos há três partidos: o de direita (Republicanos), o de esquerda (Democratas) e os Verdes. Todos os demais candidatos são independentes, e qualquer um pode ser candidato a qualquer cargo, não importando se está ou não filiado a um partido.

Pois bem, suspeito (eu disse suspeito) que os partidos no Brasil gostam de ministérios porque ficam mais próximos do poder de decisão e na facilidade de criar caixa dois para campanhas. Ainda assim, as doações legalizadas no Brasil precisam ser registradas na Justiça Eleitoral no Imposto de Renda (Pessoa Física ou Pessoa Jurídica). Eu também suspeito (eu disse suspeito) que os partidos gastem mais do que declaram para eleger seus candidatos.

Enquanto isso, do outro lado da linha do equador, a campanha americana é sustentada por voluntários e doações privadas. Faz parte da cultura deles divulgar os volumes financeiros de arrecadação e para onde está indo o dinheiro. Hoje de manhã a campanha do Obama divulgou o balanço de fevereiro de 2012. Veja o resultado abaixo:

  • 348.000 pessoas doaram mais de US$ 45 milhões para essa campanha.
  • 105.000 pessoas que doaram em fevereiro apoiaram essa campanha pela primeira vez.
  • 97,7% das contribuições de fevereiro foram de US$ 250 ou menos, com média de US$ 59,04 por doação.

O original está aqui.

O vídeo com os resultados de fevereiro está abaixo:

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As perguntas que não deixo de fazer são:

  • Quem no Brasil doa dinheiro como voluntário para uma campanha política aqui?
  • Por que os partidos políticos brasileiros não são transparentes como em qualquer país civilizado?

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Finalmente estamos sendo contaminados

Tenho buscado modelos de aulas diferentes, abertos, com linguagem clara e palatável para os jovens. Nem sempre encontro essas características em escolas e com professores comuns. Talvez por isso publiquei comentários e vídeos dos Professores Khan e Bunker Roy.

A fonte de inspiração deles está sendo passada para outros abnegados que, mesmo sem serem professores diplomados (assim como o MEC exige para darem aulas em escolas e faculdades), desempenham papel muitas vezes melhor do que os certificados pelos órgãos (nem sempre) competentes. Esse processo viral está tomando corpo e finalmente vejo alguns protagonistas no Brasil.

Veja aqui um belo exemplo: uma aula clara, dinâmica e simples que, em apenas 4 minutos, consegue explicar o que precisamos saber sobre seleção natural. Dificilmente usaremos mais do que o conhecimento explícito nesse vídeo para o resto de nossas vidas, a não ser que trabalhemos na área. Se esse for o caso, o papel do aprendizado deve ser capitaneado pela faculdade, e não no Ensino Médio.

Parabéns PROFESSOR Carlos Ruas!

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Para conhecer mais o trabalho do cartunista Carlos Ruas acesse seu site: www.umsabadoqualquer.com

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Fazendo diferente

Desde que comecei a estudar gestão as lendas sobre como empresas entram em mercados inusitados pipocam a todo momento. Desde a clássica história dos vendedores de sapato na África, onde um retorna com todo o estoque porque lá ninguém usa sapatos, e o outro pede mais um estoque porque lá ninguém conhecia sapatos, até o investimento dos americanos em criar uma caneta que funcione com gravidade zero, enquanto os russos usaram lápis, todos os professores tiram exemplos da manga para ilustrar como podemos ser criativos.

O mais difícil é ver como empresas comuns podem inovar em lançamentos de produtos. A Apple é nosso maior exemplo, mas alguns inocentes afirmam que é fácil inovar com dinheiro para pesquisa (como se a criatividade nascesse com o dinheiro). Mas há espaço para empresas comuns inovarem, seja em comunicação ou em lançamento de produtos?

O site Update or Die é uma grande fonte de inspiração de design e marketing. Ontem foram publicados dois posts com muito interessantes. O primeiro é uma bela campanha publicitária pelos 100 anos do biscoito Oreo (sim, ele é centenário!). As peças são simples, claras, despoluídas e retratam as realizações da humanidade durante os 100 anos do produto. Veja abaixo o comercial e no link as peças impressas. Vale a pena!

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Oreo: campanha comemorativa de 100 anos

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O segundo é uma belíssima ideia, que pode e deve funcionar como inspiração de como vender produtos simples, agregando valor com criatividade. Temos lojas que vendem apenas meias, mas com essa criatividade ainda não vi. Não deixe de ver!

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Uma loja que só vende meias em número ímpar

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Estamos nos preparando para os livros digitais?

A questão da migração dos livros didáticos para o meio digital, impulsionada pela chegada dos tablets e investimentos da Apple e Amazon, parece estar sendo observada apenas sob um ponto de vista. Por enquanto os debates pendem para a metodologia de transposição dos conteúdos em papel para o meio digital, o treinamento dos professores e a aceitação das famílias. A questão financeira ainda não está no centro da questão, a não ser que pese no bolso do consumidor final (pais de alunos ou governos que investem nessa tecnologia).

Temos mais questões a resolver do que apenas o pedagógico. Listarei alguns questionamentos abaixo:

  1. O maior volume de papel impresso em formato de livros no mundo é para uso pedagógico. Os ambientalistas se animaram com a notícia que cortaremos menos árvores, mas muitos se esqueceram que o papel usado no Brasil é proveniente de fontes renováveis, isso é, de área de replantio. Além disso, para produzir tablets é necessário usar elementos minerais que são extraídos de jazidas, e isso provoca mais danos ao meio ambiente do que o uso de papel proveniente de áreas de replantio.
  2. Com essa migração as gráficas ficarão ociosas. Isso significa menos empregos operacionais. Com a necessidade de produção de mídias digitais é necessário contarmos com mais profissionais capacitados em design, informática e desenho instrucional. Isso significa mais empregos especializados. A questão é: estamos capacitando o suficiente para atender a demanda?
  3. O modelo digital pressupõe que os conteúdos (livros didáticos) passam a ser globais, como qualquer solução informatizada pode ser. É claro que é necessário que tenhamos espaço para customizações e tropicalizações, como é chamada a adequação de conteúdos globais. Isso significa que teremos mais concentração da produção de conteúdos, sobrando menos espaço para que os países de 3o. mundo, com o Brasil, sejam autores. A consequência é a continuidade do modelo binomial “eu produzo inteligência, você produz meio físico e opera”. Quem ganha com isso?
  4. A questão financeira das grandes editoras mundiais está próxima de ser equacionada. Sem o custo da produção física do livro elas podem se livrar de parques gráficos e investir em computadores, que ocupam menos espaço, são mais baratos e descartáveis. A logística também é afetada, já que a tendência é que os livros deixem de circular de caminhão, trem e navio para se tornarem bites na internet. Como resolveremos esses nós? E as empresas e trabalhadores desses setores?
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A história se repete

Nosso Ministério da Educação, com sua visão controladora da educação, ainda está sentado na certeza que pode comprar tablets e usar os conteúdos produzidos para o Portal do Professor, tão usado quanto o Google+. Nosso governo ainda não percebeu que esse não é um problema da educação, e sim da economia. Vejamos:

  • O MEC é o maior comprador de livros do mundo, através do Programa Nacional do Livro Didático, mas não produz conhecimento relevante. Mesmo com suas dezenas de Universidades Públicas Federais, o maior conhecimento na área é produzido por empresas privadas ou centros de estudos na USP, que não é federal.
  • O Ministério do Trabalho possui dezenas de projetos de incentivo ao emprego, mas não investe em formação de conhecimento para a tecnologia. A produção dos tablets da Apple no Brasil é o exemplo claro: o governo se vangloria e centenas de empregos operacionais, mas não incentiva a produção do conhecimento. Quem ganha mais? O montador de peças ou o criador da inteligência?
  • O Ministério das relações Exteriores age de maneira protencionista para a indústria de automóveis estrangeira que está no Brasil, representada pelas 4 grandes (Ford, Volks, Fiat e GM), mas não estimula a proteção da inteligência nacional, principalmente ligada a educação (suspeito que eles desconfiam se temos alguma inteligência para ser protegida).

Estou percebendo que estamos de volta a década de 60, quando fomos eleitos o país da moda e recebemos indústrias de todo o mundo. Eles trouxeram a inteligência, nós entramos com os recursos naturais e a mã0-de-obra. O resultado é claro: o Brasil correndo atrás da tecnologia para se tornar um protagonista mundial de inteligência.

Vamos repetir o erro?

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Para complementar a questão, leia o artigo publicado pelo Knowledge Wharton: O caso do livro didático: Apple e outras empresas querem dar as cartas na próxima geração de publicações educativas.

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Diferentes maneiras de se educar

No início de fevereiro um pai americano publicou um vídeo no Youtube com um desabafo, e outras coisas mais, contra sua filha adolescente. Quando digo que é contra sua filha, é bom vocês acreditarem.

Sou educador e trabalho em colégios desde que me entendo como gente. Passei por alguns momentos interessantes com adolescentes, que em nada se parecem com o embate do vídeo em questão. Percebida como fase da vida onde brotam a criatividade, o empreendedorismo e a liberdade de expressão, com a internet há uma natural confusão do que pode e não pode ser dito.

Acredito que os adolescentes de hoje estejam se sentindo em uma vitrine única, reforçada pela mídia. Eles não estão errados. Vivemos em uma época em que a facilidade da informação expõe notícias boas e ruins, onde todos tentam adivinhar o futuro da nossa economia, saúde e tecnologia. E é exatamente sobre a economia que os adolescentes se prendem para ter certeza, na cabeça deles, que o futuro da humanidade está sob sua responsabilidade.

Essa certeza, que se constrói na adolescência, é destruída quando entramos no mercado profissional, ou dentro das salas de aula com os professores mais rígidos. Essa dicotomia ajuda a levar alguns para as salas dos psicólogos, outros para o fracasso e poucos para o sucesso, seja ele profissional ou pessoal.

Vejam o vídeo abaixo, reflitam e critiquem o pai. Peço apenas que não o julguem. Cada sociedades usa arma que possui.

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