Sempre escutei e li que Coca-cola faz mal. Ela tem excesso de açúcar, vicia, causa úlcera, estraga os dentes etc. Se for a Coca-cola Light é ainda pior, já que para ficar doce a fábrica substitui o açúcar por sódio invertido. Como resultado temos aumento exagerado no nível de sódio, que causa retenção de líquidos e aumento de pressão. Sou pedagogo e mesmo assim sei de todos esses males do refrigerante com maior valor de marca do mundo.
Mas parece que finalmente descobri um bom uso para a Coca-cola. Depois de insistir por alguns anos, o Sr. Simon Berry consegui chamar a atenção da Coca-cola e criou a CocaLife. Não quero me alongar na explicação sobre o que é o projeto, seu engenhoso sistema de transporte (foto abaixo) e como ele é sustentável. Para isso existem entrevistas feitas, textos escritos e vídeos no Youtube (veja no final do texto). Gostaria de me deter em um ponto chave, que é usado pelo Simon Berry para convencer que seu projeto é viável: a logística da Coca-cola.
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Segundo Berry, algumas empresas possuem capacidade extraordinária de fazer com que seus produtos cheguem aos locais mais remotos do planeta. A Coca-cola é um grande exemplo, mas temos a P&G, Johnson & Johnson, Inbev e outras. Essa capacidade de transporte é feita em etapas, onde a fábrica é responsável até o atacadista. Daí para frente são profissionais liberais e pequenas empresas que levam os produtos até os pequenos vilarejos, distantes e de difícil acesso.
Interessante é perceber que esses vilarejos tem alguma conexão com o mundo, seja pela televisão, rádio ou internet, e que o marketing desses produtos realmente funciona. Eles despertam o desejo de pessoas e os transformam em consumidores. Esses consumidores pedem que os produtos sejam vendidos e toda a cadeia logística é montada para atender seus objetivos. Aproveitando essa intrincada rede logística, a proposta é entregar medicamentos para curar doenças básicas de crianças, aumentando sua expectativa de vida e, consequentemente, a condição econômica local.
Em dezembro de 2011 escrevi sobre a Esther Duflo, que liderou uma pesquisa sobre combate a pobreza (leia aqui). A conexão com o projeto CocaLife é imediato:
- Os medicamentos e vacinas precisam chegar para que a pobreza diminua.
- Segundo Duflo, falar bem da educação eleva a escolaridade da população em até 40 anos. Por que não contratamos os mesmos profissionais de marketing que trabalham na Coca-cola e afins para que eles trabalhem a favor da educação?
Talvez o questionamento seja mais profundo: como despertar nas pessoas mais desejo por estudar do que de beber uma Coca-cola?
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Links para entender o que é CocaLife:
Entrevista do Simon Berry para a Wharton University (em português)
Apresentação do Simon Berry no TEDx Berlin (legendas em inglês):
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Que ideia bacana! Agora, como despertar mais desejo por estudar do que por Coca-Cola, isso eu não sei hehe
Oi Aninha, leia a entrevista que o Simon Berry deu para a Wharton University. Ele vai fazer com que a cadeia ganhe dinheiro com o transporte, e os kit’s não serão gratuitos. A inteligência dele está no aproveitamento da logística, no treinamento das pessoas e na criação da demanda de sobrevivência com uso de kit’s de medicamentos básicos para as crianças. Vale a leitura!
Adorei o artigo! Idéia sensacional… Mas será que a educação irá influenciar economicamente (aos interessados é claro!) e trará tantos “benefícios” como a coca-cola? Porque se é possível tal ação com a coca, pq não com a educação? Educar a população, incentivar a pensar, tornar pessoas críticas e seletivas, será que realmente é interesante? Por isso afirmo, so mesmo os educadores, formadores de opiniões são capazes de trasformar e melhorar algo, tem que partir de nós… por isso parabéns pelo site e pelo material postado. Bjs
Oi Carol!
Para influenciar economicamente uma população é preciso primeiro tirá-la da pobreza. Citei nesse artigo um outro escrito por mim sobre o assunto, que recomendo que você leia e assista a palestra da Esther Duflo: https://denisdrago.com/2011/12/05/como-combater-a-pobreza/
A questão é que tradicionalmente os únicos que falam bem da educação são os educadores. Conforme disse, os publicitários da Coca-cola e smilares deveriam ser contratados pelo governo para falar bem da educação. Nós, educadores, não podemos mais ser os únicos responsáveis por realizar essa tarefa. Enquanto as famílias não participarem e o governo não incentivar, continuaremos remando contra a maré.
Sobre o interesse do governo em ver a população se desenvolver intelectualmente, considero que é um caminho sem volta. Enquanto o governo era o único detentor dos meios de comunicação (como em alguns estados do Brasil, sobretudo no Nordeste), o caminho era mais fácil. Com a popularização da internet a história muda.
Obrigado pela interação!